Totemismo é a religião que subordina um grupo de pessoas, denominado clã, a seres que para eles são considerados sagrados, que podem ser animais (canguru, leão, papagaio, etc...), espécies de plantas ou até mesmo coisas como o mar, chuva, astros, etc..
De acordo com vários estudos realizados nas mais diversas civilizações e em todos os continentes, se trata da religião mais antiga de todos os tempos, a mais antiga forma de o ser humano manifestar seu pensamento em direção a um mundo sobrenatural.
A palavra totem eram empregada por alguns índios da América do Norte, os algonquins.
Foi entre os índios da América do Norte que primeiro se estudaram as instituições e crenças totêmicas. Na metade do século XIX descobriu-se que fatos análogos tinham sido encontrados entre os primitivos da Austrália. Fica-se sabendo, então, que a Austrália é a região em que melhor se conservou o totemismo. À medida que vai crescendo o conhecimento sobre essas instituições totêmicas, conclui-se que essa (religião) teve um grande desempenho e impacto na história da humanidade.
O totemismo é constituído de quatro ideias fundamentais: Totem, Mana, Tabu e os Ritos.
Totem
É a espécie de seres ou de coisas que todos os membros de um clã afirmam ser sagrados. Por exemplo, todos os membros do clã do canguru consideram sagrados todos os representantes desta espécie, todos os cangurus.
O totem é também o nome que tem todos os membro do clã e une a todos. Por exemplo, se faço parte do clã do canguru, logo sou um canguru, todos os membros do clã do canguru são chamados de cangurus. Na maioria das sociedade a criança tem por direito de nascença o clã de sua mãe.
O totem é também um símbolo, "o brasão de um grupo".
Desenham este símbolo sobre o chão, sobre os escudos, sobre os muros das casas, nos botes, nos postes e troncos de madeira, e algumas vezes essas pinturas são realizadas com sangue, pois o sangue é sagrado. Muitas vezes o sinal totêmico é impresso no próprio corpo, em forma de tatuagem, no vivo antes da reunião de seu clã, e no morto antes de seu sepultamento.
Muitas vezes exteriorizam a força e poder de seu totem por meio de cortes de cabelo ou pelo penteado. Por exemplo, no clã do búfalo, os cabelos são dispostos em forma de cornos; no clã da tartaruga cortam o cabelo de um modo que fica se parecendo com a cabeça, as patas e o rabo do animal. Quando o totem é um pássaro chegam a usar até as penas do animal.
O totem ao mesmo tempo que possui um caráter coletivo, de separação de grupos e costumes, possui, antes de mais nada, um caráter religioso, muito sagrado.
O caráter sagrado passado do totem e de suas imagens ao homem.
- Durkheim: "A razão da santidade pessoal é que o homem acredita ser, ao mesmo tempo que um homem no sentido usual da palavra, um animal ou uma planta da espécie totêmica. Com efeito, ele usa seu nome: ora, a identidade do nome passa, então, a implicar uma identidade da natureza... Um membro do clã do canguru chama-se, ele mesmo, um canguru; ele é, pois, em certo sentido, um animal desta espécie."
- Durkheim: "A razão da santidade pessoal é que o homem acredita ser, ao mesmo tempo que um homem no sentido usual da palavra, um animal ou uma planta da espécie totêmica. Com efeito, ele usa seu nome: ora, a identidade do nome passa, então, a implicar uma identidade da natureza... Um membro do clã do canguru chama-se, ele mesmo, um canguru; ele é, pois, em certo sentido, um animal desta espécie."
O totem é frequentemente considerado o pai ou o avô, o ancestral dos membros do clã.
Na tribo, que é dividida em grupos totêmicos, todos os seres, todas as coisas são classificados em relação ao seu totem. Todos os animais, as plantas, a chuva, os astros, o trovão, as estações são divididos entre diferentes totens. Em uma tribo australiana por exemplo, o sol é uma cacatua branca, ele é uma cacatua branca, a lua uma cacatua preta, ela é uma cacatua preta, o cavalo uma cacatua marrom, etc... O totemismo, assim como a mitologia grega, coloca o divino em tudo.
Mana
Primeiramente, essa palavra é um termo melanésio. Significa uma força impessoal, não material, sobrenatural, supra-sensível que se materializa nos preparados, pois é uma força espiritual espalhada em todos os objetos em relação ao totem: se estende às imagens, objetos, seres, a todas as coisas.
- Codrington: " É uma força, uma influência de ordem imaterial e, em certo sentido sobrenatural; mas é pela força física que ela se revela ou então por toda espécie de poder e de superioridade que o homem possui. O mana não é fixado sobre um objeto determinado; pode existir em qualquer espécie de coisas... Toda religião do melanésio consiste em alcançar o mana, seja para dele beneficiar-se pessoalmente, seja para terceira pessoa beneficiar-se desta energia."
- Codrington: " É uma força, uma influência de ordem imaterial e, em certo sentido sobrenatural; mas é pela força física que ela se revela ou então por toda espécie de poder e de superioridade que o homem possui. O mana não é fixado sobre um objeto determinado; pode existir em qualquer espécie de coisas... Toda religião do melanésio consiste em alcançar o mana, seja para dele beneficiar-se pessoalmente, seja para terceira pessoa beneficiar-se desta energia."
A mesma ideia encontra-se entre os índios da América do Norte, onde ela é chamada de wakan, entre os Sioux, orenda, entre os iroqueses, manitu, entre os algonquins, etc... Nas tribos da Austrália o temo churinga é as vezes utilizado para designar tal princípio.
É a este princípio comum que se dirige, na realidade, o culto. Em outros termos, o Totemismo é a religião, não de tais animais, ou de tais homens, ou de tais imagens, mas de uma espécie de força anônima e impessoal, que se encontra em cada um dos seres, sem se confundir, no entanto, com qualquer deles. Ninguém a possui inteiramente e todos dela participam. Os indivíduos morrem; as gerações passam e são substituídas por outras; mas esta força anônima permanece sempre atual, viva e semelhante a si mesma. Anima as gerações de hoje como animava as de ontem, como animará, também, as de amanhã. Quem sabe possa ser essa força um deus impessoal.
O totem é apenas a forma material sob a qual é representada às imaginações esta substância imaterial, esta energia difusa através de toda espécie de seres heterogêneos, que é sozinha o objeto verdadeiro do culto.
Tabu
Tabu é tudo que em determinado clã é tido como proibido. O tabu visa, essencialmente, a separar o sagrado do profano.
É, em princípio, proibido matar e comer os animais sagrados ou totêmicos, colher e comer o vegetal totêmico, salvo em determinadas cerimônias sagradas. É proibido trabalhar, às vezes comer, durante os dias consagrados às festas religiosas. Nos dias de cerimônia é proibido o contato com qualquer coisa mundana, pois tudo o que é para satisfazer desejos materiais ou carnais é profano, por isso a proibição até do trabalho em suas festas religiosas, pois o trabalho não tem outro fim senão prover as necessidades temporais da vida.
É proibido matar um membro do mesmo clã; é proibido unir-se a uma mulher do mesmo clã; é preciso arranjar esposa fora do clã: dever de exogamia.
Rituais ou Cultos
Tudo começa com os chamados Cultos Negativos: A observância das proibições; Certas cerimônias tem por objetivo concentrar sobre uma única pessoa um sistema completo de proibições.
A pessoa iniciada em um culto negativo deve retirar-se da sociedade, deixar de ver mulheres e os não iniciados, viver no mato ou na floresta, sob a orientação de um ancião. É-lhe proibido a maioria dos alimentos e lhe é proibido tocar nos que lhe são permitidos: os anciãos lhe põe na boca a quantidade necessária indispensável à sua sobrevivência e nada mais que isso. O iniciado em um culto negativo também não pode falar, nem distrair-se ou mover-se... O resultado de toda essa provação é um segundo nascimento, e a partir de agora ele já pode fazer parte da vida sagrada e dar início aos cultos positivos, tomando parte nos ritos.
Não pode viver uma vida religiosa um pouco intensa sem antes começar a deixar a vida material, a vida profana e toda a sujeira do mundo. O culto negativo é, pois, em certo sentido, um meio em vista de um fim, é a condição de acesso ao culto positivo.
Culto Positivo: Comporta todo o conjunto de práticas rituais.
Pode-se citar, primeiro, uma grande festa, a intiquiuma, celebrada na ocasião da primavera que se segue a uma breve estação chuvosa. Os membros do clã dirigem-se, inteiramente nus, isto é, tendo abandonado todas as suas vestes profanas, a um local em que pedras e rochas simbolizam os ancestrais fabulosos identificados aos totens. Por diversos processos, por exemplo espalhando um pó fecundante esperam assegurar a reprodução abundante e a multiplicação da espécie totêmica. Depois, purificados por uma estrita observância das proibições, reúnem-se para consumir, juntos, o animal sagrado. " Comungam o princípio sagrado que aí existe e assimilam-no.'' Trata-se da Instituição sacrificatória: os banquetes sacrificatórios tem por objetivo fazer comungar numa mesma carne o fiel e seu deus, a fim de criar entre ambos um vínculo de parentesco.
Deve-se, de agora em diante, considerar como assente que a forma mais mística da comunhão alimentar é encontrada desde a religião mais rudimentar presentemente conhecida.
O culto positivo comporta ainda os Ritos miméticos: Vem da crença que o ''semelhante produz o semelhante'', fazem-se gestos ou reproduzem sons visando a imitar o animal do qual se deseja assegurar reprodução abundante: gestos de canguru saltando, da lagarta abandonando a crisálida; gritos de cacatua ( o chefe do clã repete este grito toda uma noite, parando somente quanto está sem forças; é então, substituído por seu filho, mas recomeça assim que se sente um pouco descansado).
Há, ainda, Ritos comemorativos ou representativos: Supõe-se que o clã descende de antepassados míticos que criaram as planícies, as montanhas e os rios, semearam os germes dos vivos. Recordam-se essas histórias legendárias. Às vezes uma espécie de representação dramática permite a eles assistirem como eram seus antepassados. Nesses ritos até as mulheres e os não iniciados fazem parte.
Ritos expiatórios: Festas tristes que tinham por objeto ou enfrentar uma calamidade ou, simplesmente, recordá-la e deplorá-la.
Sendo o morto um ser sagrado, é necessário, em sua presença, suspender toda a atividade profana.
O animal totêmico, cuja absorção da força e poder, torna-se, para aquele que o consome indevidamente, um princípio de morte.
Obs: O primitivo não viu, nos seus deuses, estranhos inimigos, seres essencial e necessariamente maléficos, com cuja proteção seria obrigado pôr-se de acordo a qualquer preço; bem ao contrário, os deuses são para eles amigos, parentes, protetores naturais. Eles não imaginam o poder a que se dirige o culto, planando muito alto sobre si, esmagando-o com sua superioridade; ele está, ao contrário, bem próximo e lhe confere poderes úteis que sua natureza não tem. Jamais talvez a divindade esteve mais próxima do homem que nesse momento da História, pois ela está presente nas coisas que povoam seu meio imediato e é, em parte, imanente a si mesmo.
Os australianos admitem que cada corpo humano abriga um ser interior, princípio de vida, uma alma. ( Algumas tribos, entretanto, não outorgam alma à mulher ). Cada vez é a alma de um antepassado que aparece no corpo novo. Na morte, ela entra na região das almas, voltando, depois, a encarnar-se.
Os ancestrais foram seres totêmicos, animais ou vegetais, ou homens-animais, por exemplo homens-cangurus. Ora, "os ancestrais são o totem fragmentado". Pois é da reencarnação de um ancestral que provém a alma individual, " a alma, de maneira geral, não é outra coisa senão o princípio totêmico, encarnado em cada indivíduo"; é o mana individualizado. Pode-se explicar assim, o fato de a alma ser uma coisa sagrada, oposta ao corpo, coisa profana.
Nas sociedades que o totemismo se enfraqueceu, a alma pode ainda ser imaginada sob a forma animal: entre os índios da América do Norte, entre os bororos do Brasil, a alma é concebida como sendo uma animal: um urso, um papagaio, uma serpente, uma abelha. Pela morte de um indivíduo, ela retoma sua forma original, reencarna-se em um animal ou seja, num corpo de um animal.
Desencarnadas, as almas tornam-se espíritos. Sua sobrevivência é indispensável à continuidade da vida cotidiana. Uma parte do espírito ancestral reencarna-se no corpo da mulher; uma paira sobre o recém-nascido, protege o homem, serve de gênio tutelar. Certas almas de falecidos escolhem seu domicílio nas florestas, tornando-se espíritos das florestas ou das cavernas, ou espíritos da natureza.
incrível
ResponderExcluirOnde fala sobre as religiões do totemismo?
ResponderExcluirObrigada me ajudou muito!
ResponderExcluirObrigado me ajudou muito!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirAgradeço a vocês por dar valor a essas postagens.
ResponderExcluirOi
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