É e religião que coloca em toda a natureza espíritos mais ou menos análogos ao espírito do homem.
Segundo os estudiosos das transformações que ocorreram sobre o pensamento místico e religioso de todas as sociedades, trata-se do segundo tipo de religião que se tem conhecimento, sendo mais nova, apenas, que o totemismo.
Encontra-se no Animismo algumas das teses essenciais do Totemismo: ideia de mana, tabu, rituais, ideia de ancestrais míticos, semi-animais, semi-humanos.
Por outro lado, encontram-se sobrevivências do Animismo, como do Totemismo, em todas as religiões de todos os meios.
Entretanto, temos o direito de designar pela palavra Animismo a religião de numerosas sociedades, mais evoluídas que as tribos australianas, mas que, comparadas às sociedades de antiga civilização, parecem primitivas: por exemplo, as sociedades negras da África não-muçulmana, as sociedades polinésias, as sociedades índias atuais das duas Américas, os povos esquimós etc.
Para o primitivo, a alma está estreitamente ligada ao corpo, a certas partes do corpo; para os australianos, sobretudo à gordura dos rins.
A alma pode deixar o corpo momentaneamente sem que este morra: ela exerce, então, sobre ele, a alguma distância, ação de presença. É o que chamam de Alma exterior. A alma pode ser roubada, comida, transportada e, em determinados casos, substituída, consertada, reformada, etc. Entre os índios cherokee, durante uma batalha, o chefe coloca a alma na copa de uma árvore; em vão o inimigo atira, pois ele não é morto nem ferido. Seu adversário, porém, conhecedor, também, desse ardil guerreiro, manda atirar sobre os ramos e o chefe, então, cai morto.
Para o primitivo, "a individualidade não se detém na periferia de sua pessoa"... A mentalidade primitiva confunde-a com o próprio corpo, com o que cresce sobre ele e com o que dele sai, as secreções e as excreções: cabelos, pelos, lágrimas, unhas, urina, esperma, suor ... As práticas mágicas feitas nesses resíduos corporais agem sobre a própria pessoa, da qual são partes integrantes. Daí o extremo cuidado que cada qual toma, em grande número de sociedades, para evitar que seus cabelos ou fragmentos de unha, os seus excrementos etc. caiam nas mãos de terceiro, que possa ter más intenções. Dispor dessas coisas é dispor da sua vida. Os pelos, secreções etc. do indivíduo constituem ele próprio, como seus pés, suas mãos, seu coração e sua cabeça. Pertencem-lhe no sentido mais lato desta palavra. Chamaremos de pertenças.
A estes elementos de individualidade é preciso acrescentar as marcas que o corpo deixa sobre um assento ou sobre o chão e, em particular, as pegadas. Colocando-se uma criança nos traços deixados por um mágico poderoso, tem-se a esperança de que ela participe de seu poder.
Pertenças são, ainda, sombra do indivíduo, seu reflexo na água, sua imagem (donde o receio de ser pintado, desenhado ou fotografado, medo geral entre os primitivos). Pertença é o nome: um excelente observador dos esquimós, Rasmussen, diz que para eles, o homem compõe-se de um corpo, uma alma e um nome. Um viajante viu fidjianos moribundos gritarem desesperadamente seus nomes a fim de se manterem vivos.
Pertenças são as vestes: uma mulher tendo posto sobre si a roupa suada de um homem, torná-se grávida. Pertenças são os utensílios constantemente manuseados, os objetos que um indivíduo possui e que em determinadas sociedades, queimam-se à sua morte.
A morte sobrevém porque a alma, princípio da vida, abandona definitivamente o corpo. Entretanto, o espírito do indivíduo permanece ligado a seu corpo, permanece ligado ao cadáver. Por isso o cuidado com os mortos, pois ele tem muito ciúme de seu corpo em relação aos vivos, e pode vingar-se. Os mortos tem necessidade de comer e de beber e também desejos de honrarias.
A mentalidade primitiva, segundo estudiosos, aceita que o morto, através de sua alma, esteja presente em vários lugares ao mesmo tempo, mesmo habitando outro mundo, eles possuem um poder muito maior que os vivos.
O mundo dos mortos é exatamente oposto ao mundo dos vivos. Tudo nele é invertido. Nosso dia, para eles, é noite, é de noite que eles voltam à terra; é de noite que é perigoso encontrá-los. No entanto a sociedade dos mortos é dividida em clãs, como a dos vivos.
Pode acontecer que os mortos se reencarnem e pode acontecer que desapareçam para sempre. Se se tratassem de almas puramente espirituais, elas seriam também imortais. Nas sociedades primitivas, porém, que ignoram estas espécies de almas (imortais), não encontramos, em nenhuma parte, a crença na imortalidade. Por todas as partes acredita-se numa sobrevida, mas em nenhum lugar se imagina uma vida sem fim... A crença na morte dos mortos é praticamente universal.
Em todo caso, enquanto eles vivem, é da sua boa vontade que dependem a prosperidade, o bem-estar, a própria existência de seus descendentes.
Sonhos: O mundo primitivo ´feito de imagens, sempre tomadas como realidades, sejam elas recebidas durante a vigília, ou animem o sonho, ou sejam evocadas a titulo de presságio, ou correspondam antigas tradições.
Na África Equatorial, por exemplo, considera-se uma viagem feita em sonho como tendo sido realmente realizada pelo sonhador. Entre os índios, aquele que sonha ter sido picado por uma serpente, tem que tomar todos os remédios como se, realmente, houvesse sido picado. Entre outras tribos, se você sonha fugindo de um leão, deve sonhar novamente e ter coragem de enfrentá-lo, destruir seus inimigos.
As imagens de que é constituído o mundo exterior são penetradas por forças espirituais, ou dominadas por elas.
Disposições humanas: As disposições humanas tem seu lugar entre essas forças espirituais. Elas se exteriorizam e contribuem para determinar, por sua própria força, acontecimentos felizes ou infelizes. Em Taiti, por exemplo, um piedoso homem leproso faz um branco deitar-se sobre sua túnica leprosa, mas o homem leproso tem bons sentimentos para com aquele que deitou em sua túnica, de um modo que não foi contaminado o homem, pois só seria contaminado se o homem leproso assim o quisesse.
Lei de participação: Nas representações coletivas da mentalidade primitiva, os objetos, os seres, os fenômenos podem ser, de maneira incompreensível para nós, ao mesmo tempo eles mesmos e outra coisa diferente deles mesmo. Por exemplo, certos índios do norte do Brasil, os bororos, embora se saibam gente, proclamam-se araras.
Magia: Em muitas sociedades, a abundância de alimentos e a regularidade das estações são relacionadas com realização de determinadas cerimônias ou com a presença de uma personalidade que desfruta de poder misterioso.
Tornamos a encontrar aqui, no coração do animismo, como do totemismo, a ideia desta força impessoal, ao mesmo tempo material e espiritual, difundida por todas as partes e que na Melanésia chamam mana.
Todos os ritos que eles executam tem por objeto, ou defender-se dele, quando não estão preparados para suportar-lhe o contato, ou, ao contrário, quando sofreram a iniciação necessária, assimilar a maior parte possível de sua substância sagrada. O sacerdote é o homem que possui mana a vontade e pode, consequentemente, usá-lo quando quiser. O santuário, por seu lado,, é o lugar em que o mana se concentra em quantidade notável.
Se forças místicas, que podem ser comparadas a espíritos, animam a natureza, o homem poderá exercer ação sobre ela como age os seres espirituais, através de palavras e gestos apropriados. Tal influência constitui o essencial daquilo que se denomina magia. A magia é a técnica e estratégia do animismo.
Palavras pronunciadas em voz alta ou cantadas são forças. Pode-se fazer desaparecer as doenças usando fórmulas como:
O papagaio voou.
O cuco voou.
A codorna voou.
A doença voou.
Imitando um acontecimento, o fazemos reproduzir. Antes de empreender uma expedição, simulam-na com todas as minúcias; dançam-se danças guerreiras: a vitória fica, assim, assegurada. Derramando água, obedecendo-se a certos ritos, produz-se chuva. É o que se chama a magia imitativa.
Chama-se também, às vezes, magia simpática à que utiliza participação que existe entre o indivíduo e sua imagem. Quebrando ou destruindo a imagem, acredita-se ferir ou destruir o indivíduo. É o princípio da bruxaria. Viu-se, anteriormente, que se pode agir sobre outras pertenças, além da imagem, como. por exemplo, sobre os pelos, os excrementos, as pegadas do indivíduo etc. É o que se chama, por vezes, magia contagiosa.
Amuletos apotropaicos: Determinados objetos são dotados de poder mágico - afastam a desgraça ou produzem felicidade: amuletos, talismãs, feitiços. Quase todos os adornos com que se compraz a garridice, tanto masculina como feminina, só se transformam em enfeites após haverem, primeiro, servido de amuleto.
Para paralisar a ação de um mau bruxo, o bom feiticeiro pratica um contrafeitiço. "O espírito do remédio age sobre o espírito da doença".
Sendo o bruxo inimigo da sociedade, é preciso despistá-lo, é o objeto de um ordálio, isto é, uma provação que poupa os bons e castiga os maus. Faz-se a provação, na África Equatorial, pelo veneno, "espécie de reativo mítico" que não é mortal senão para os culpados.
Um dos produtos mais preciosos da magia pode ser o êxtase. Designa-se frequentemente pela palavra chamane o mágico que causa o êxtase. O xamanismo é, sobretudo, desenvolvido na Sibéria, ao norte e ao cento da Ásia.
Mitos: Finalmente, encontra-se nas sociedades animistas como nas totêmicas, uma mitologia, um sistema de mitos.
Os mitos descrevem a história sobrenatural colocada num passado longínquo, sem relação com o passado histórico. Esse passado é, aliás, presente.
Quando os primitivos dizem que o mundo místico está na origem de todas as coisas, tal não significa somente ser ele de uma antiguidade por assim dizer transcendente e meta-histórica, mas também, e sobretudo, que tudo quanto existe dele proveio ou que este período é criador... Os fatos da criação não estão vivos na lenda sob o único título de acontecimentos separados nitidamente do presente por um abismo de tempo escoado no intervalo. Por mais que uma cena mística esteja colocada na época da criação, seus autores estão ainda vivos e sua influência ainda dominante.
O mito permite entrar em contato com os antepassados do período místico e conseguir que sua ação se renove periodicamente. As cerimônias em louvor dos ancestrais míticos - cerimônias em que atores mascarados e em trajes especiais dançam ao som de música - são as mais surpreendentes manifestações do culto animista.
A pré-história aplicada à Europa, interpretando especialmente os desenhos, pinturas e esculturas encontradas nas grutas da França meridional e da Espanha setentrional, estabeleceu que os primeiros habitantes dessas regiões deviam ter uma religião bem próxima do totemismo ou do animismo.
Essas cavernas deviam ser santuários, locais sagrados. Os desenhos, pinturas e esculturas estavam localizados no fundo mesmo da gruta - como, ainda hoje, as pinturas rituais dos negros australianos são traçadas sore paredes rochosas, em lugares tabus, proibidos às mulheres e aos não iniciados. A própria posição das obras de arte mostra que se não trata aqui de decorações ornamentais, mas de operações mágicas. Desenhando, pintando, esculpindo animais, - mamutes, renas, bisões, cavalos, veados - o primitivo julga exercer ação sobre eles. Representando-os feridos, a fim de serem mais facilmente atingidos e feridos por suas armas. Representa feridos apenas os machos, pois é preciso respeitar as fêmeas, que asseguram o futuro da raça.
Na caverna de Tuc d'Audoubert (Ariége) (Caverna de Le Trois-Fréres) descobriu-se um casal de bisões escupido na argila, em alto relevo, de sessenta centímetros de comprimento: à frente, a fêmea, passiva, com o pescoço esticado; atrás, o macho, meio erguido sobre as patas traseiras, "formidável, pesado, concupiscente". Trata-se de obter, por esta representação figurada, a reprodução da espécie animal de que vivem os caçadores.
As danças, como os cantos e a música, deviam já ser processos mágicos.
Acabamos de verificar que a magia animista parece ter estado na origem do desenho, da pintura, da escultura, da música, logo, direta ou indiretamente, de todas as artes. Se refletirmos no papel magnífico que a arte desempenha ou podia e devia desempenhar na vida humana, só se pode ser conhecido a essa religião primitiva pelos benefícios por ela legados aos homens de todos os séculos.
quais as trez mitologias que exemplificam a crença animista
ResponderExcluiro que sao os ritos desta riligião
ResponderExcluirQuais são os mitos dessa religião
ResponderExcluirQuais são os mitos dessa religião
ResponderExcluirPanteista e verdadeira
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